quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Confronto Matinal

Chego á praia nesta manhã gélida de Inverno. Olho para a vastidão de cor azul que se encontra diante dos meus olhos e respiro o ar fresco e puro que me alcança o olfacto. O Sol nasce tímido reflectido por um espelho de água e sal. Linhas contínuas e perfeitas formam-se no horizonte na pressa de atingir a costa. O vento sopra de leste, sinto a sua brisa massajar-me a nuca suavemente. Ondas formam-se sublimes demonstrando uma perfeição rara, expressos coordenados com uma temporização lenta, esperando, chamando por mim.
Visto a minha armadura como um cavaleiro antes de uma batalha e respiro fundo, este é o meu mundo. Pego na minha prancha e atravesso o areal. A areia fria encontra-se com a base dos meus pés, deixo nela a minha presença passo a passo. Sinto agora a sua presença tocando-me subtilmente com um pequeno rasgo de água, um arrepio sobe-me pelo corpo. Paro, aqui me encontro á sua frente. A concentração apodera-se de mim, foco-me na sua forma, no seu som, no seu cheiro. Analiso minuciosamente todos os seus movimentos como se de uma matéria para um exame se tratasse.
Continuo em frente enquanto a água me envolve o corpo centímetro a centímetro. Sinto a sua força a cada passo que dou. Começou a batalha, um turbilhão de emoções toma posse enquanto movimentos fluidos e sentidos ganham liberdade. A água solta-se a cada rasgo meu. Um bailado sublime que dura e perdura até as minhas forças escassearem. Por fim o cansaço atinge o seu auge. Uma última onda entrega-me de volta a terra. Agradeço-lhe com um sorriso. Amanha cá nos encontraremos novamente.


Um comentário:

  1. Na noite de sábado quando li este texto fiquei impressionado com a tua escrita..
    continua a escrever!

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